domingo, 26 de junho de 2016

TRATAMENTO DE LINFOMA 2016


  LINFOMA
TRATAMENTO DE LINFOMA
 Em que consiste o tratamento dos linfomas?
Jacques Tabacof – Feito o diagnóstico de linfoma, avalia-se o grau de estadiamento. O paciente pode estar no estádio I, isto é, só tem um gânglio no pescoço acometido pela doença, ou estar no estádio IV, com gânglios no pescoço e na virilha, nódulos no fígado e no pulmão, e com a medula óssea comprometida. Qualquer que seja o caso, a base do tratamento é a quimioterapia, complementada em algumas situações pela radioterapia.

A eficácia do tratamento quimioterápico nos linfomas é muito maior do que na maioria dos tumores sólidos, como câncer de mama, de pulmão, de intestino, ou carcinomas das células epiteliais, que são bem diferentes dos linfócitos.

Mesmo no estádio IV da doença, é possível curar um paciente com quimioterapia. Em geral, são utilizados vários grupos de drogas, por isso o tratamento recebe o nome de poliquimioterapia, e seu efeito é uma redução rápida das dimensões dos gânglios linfáticos.

Recentemente, a terapêutica dos linfomas avançou muito com a introdução dos anticorpos monoclonais. Não se trata de ficção científica nem de promessa para o futuro. Esse remédio está na farmácia e existem estudos provando que utilizar esses anticorpos associados à quimioterapia aumenta a probabilidade de cura de alguns tipos da doença.

O que são exatamente anticorpos monoclonais?
Jacques Tabacof – Anticorpos são proteínas do corpo que fazem parte do sistema de defesa. Eles reconhecem agentes externos e são fabricados e dirigidos para combater determinados invasores.

Aplicando a tecnologia da engenharia genética, os anticorpos monoclonais são construídos para atacar especificamente os linfomas, ou seja, os linfócitos que expressam em sua superfície certas moléculas que não estão presentes nos linfócitos normais.

 Os anticorpos monoclonais atacam essas estruturas por que as reconhecem como estranhas?
Jacques Tabacof – Não só reconhecem, mas as transformam no alvo de sua ação. Como se fossem mísseis programados, ligam-se à superfície da célula doente para combatê-la.

Atualmente, os anticorpos monoclonais fabricados em laboratório são uma indiscutível realidade terapêutica. Não se trata de quimioterapia, nem de remédio. Trata-se de uma proteína que, associada à quimioterapia e em algumas situações à radioterapia, aumentou muito a possibilidade de curar os linfomas.

 Você falou que os linfomas têm comportamentos diversos. Podem ser de baixo grau de agressividade, de alto grau e de média agressividade. O que muda na quimioterapia em cada um desses casos?
Jacques Tabacof – Linfomas de baixo grau de agressividade, de crescimento lento, em geral, ocorrem em pacientes idosos. A literatura médica registra que, numa população de cem pacientes, metade vai sobreviver entre oito e dez anos. Portanto, apesar da doença, pacientes com 70, 75 anos com linfoma de baixo grau têm uma curva de sobrevida bem longa. Por isso, o tratamento costuma ser pouco agressivo. Indica-se uma quimioterapia leve, às vezes com uma só droga por via oral ou apenas o anticorpo monoclonal, que é pouco tóxico. Podem ser prescritos, ainda, tratamentos sequenciais, explorando ao máximo a quimioterapia que apresenta poucos efeitos colaterais. Quando a doença retornar (geralmente retorna depois de alguns anos), aplicam-se outros esquemas de tratamento.

Já os linfomas extremamente agressivos, como o linfoma de Burkitt ou linfoblástico, ocorrem principalmente em pessoas mais jovens, crescem rapidamente e exigem regimes de quimioterapia muito intensos, em altas doses. O tratamento requer, ainda, suporte hospitalar e transfusões de sangue.

Por paradoxal que possa parecer, esses linfomas de alta agressividade são mais facilmente curados do que os de crescimento vagaroso. Para estes, quase nunca se fala em cura. Fala-se em controle. A diferença se explica pelo fato de as células do linfoma agressivo estarem todas proliferando ao mesmo tempo e de a quimioterapia agir melhor sobre elas do que sobre aquelas que se multiplicam lentamente.

IMPACTO DO DIAGNÓSTICO NOS PACIENTES
 Quando você identifica um linfoma de alto grau, como as pessoas recebem a notícia de que necessitarão submeter-se a um tratamento agressivo que exige internação hospitalar e pressupõe sofrimento?

Jacques Tabacof – As pessoas passam por várias fases. Quando recebem o diagnóstico, é como se uma nuvem negra pairasse sobre suas cabeças. Parecem não enxergar mais nada. Ficam muito tensas e inseguras com o que lhes vai acontecer, especialmente em razão da enorme quantidade de informações novas que recebem em pouquíssimo tempo. Às vezes, não sentiam nada, foram ao médico para uma consulta de rotina e saíram com a recomendação de que deveriam procurar um oncologista ou um hematologista. Em seguida, descobrem que são portadoras de um câncer do sistema linfático e que precisam ser internadas num hospital para colocar um cateter, porque as veias dos braços não suportarão a quimioterapia que, entre outras coisas, provocará queda de cabelo.

Iniciado o tratamento, porém, o ânimo vai melhorando, principalmente quando começam a observar no corpo o desaparecimento da doença. Depois de algumas semanas, o tratamento passa a fazer parte da rotina em suas vidas. Já conhecem as enfermeiras, o médico e sabem o nome dos remédios. Muitos dos meus pacientes participam ativamente do tratamento. Isso é bem gratificante, sobretudo quando se consegue curá-los.

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